Via Sacra
HISTÓRICO
O grupo Via Sacra ao Vivo surgiu em 1973, portanto, há 28 anos. Primeiramente, com o pequeno grupo de jovens, conduzidos pelo então pároco, o Pe. Aleixo Susin, que se reuniu para celebrar a semana. Com poucos atores e com as encenações na frente da igreja aqueles jovens deram início a uma das mais tradicionais manifestações populares da região.
No ano seguinte, as encenações foram transferidas para o Morro da Capelinha, aliando a vontade de encenar a Paixão de Cristo, com o caráter de peregrinação. A estrutura era mínima, os jovens subiam encenando pela estrada de acesso, acompanhados pelos fiéis, enquanto o narrador conduzia o espetáculo usando um megafone. O público, em torno de 100 pessoas. Nos anos seguintes, as encenações foram crescendo em técnica e em público, porém, sempre com o caráter amador e religioso, sendo aplicados recursos como microfone, carro de som, figurinos, etc. O grande salto na Via Sacra aconteceu em 1986, quando o então governador José Aparecido, sensibilizado com o esforço daquele grupo, incluiu os festejos da Semana Santa em Planaltina, como evento oficial do Governo do Distrito Federal. A partir de então, os espetáculos tiveram um salto em qualidade, atraindo milhares de pessoas de diversas regiões, bem como a atenção da impressa. A dedicação dos membros do grupo e a ajuda do governo foram decisivos no crescimento das encenações. Em 1991, o historiador planaltinense Mário de Castro, após intensa pesquisa, chegou ao texto usado pela Via Sacra até hoje. O grupo também deixou de lado os sistemas de som mais simples, partindo para modernas estruturas de sonorização e iluminação, bem como a utilização de play back para melhor audição por parte do público. A cada ano as comemorações da Semana Santa crescem em qualidade e em público. A introdução do Domingo de Ramos, Santa Ceia, Via Sacra da Criança, além dos shows de música, estimularam o interesse tanto da população como da mídia, sendo que a Via Sacra é hoje, o evento popular que mais atrai a atenção da imprensa e do público em todo o DF e região. Acredita-se que cerca de 2.500.000 (dois milhões e meio de pessoas) já tenham passado pela Via Sacra ao longo destes 28 anos. Mas o importante é que, nas palavras de seu coordenador geral, Preto Rezende, o grupo continua "amador"; no sentido de "amar a dor" do fazer.
ESTRUTURA
O grupo Via Sacra ao Vivo divide-se atualmente em 26 coordenações e 03 comissões. Os membros do grupo estão distribuídos ao longo de toda estrutura do grupo, totalizando, no ápice das encenações que é a Sexta Feira da Paixão, todos cadastrados totalizando um número superior a 1300 pessoas, entre atores, figurantes e apoio; e, sem se levar em conta aqueles que estão a serviço do Governo do Distrito Federal: Polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Fundação Hospitalar, Cruz Vermelha, dentre outros. Cada coordenação é responsável por uma determinada área das encenações e as comissões cuidam de assuntos também importantes mas, não relacionados diretamente com o espetáculo. Durante a Semana Santa o grupo revive diversos momentos da vida de Jesus Cristo, em especial, os que estão mais relacionados com a referida data. Também trabalha com as crianças do grupo em um espetáculo especial, a Via Sacra da Criança, onde se trabalha a constituição de novos atores e cidadãos. Seguindo a linha de trabalho realizada por diversos sacerdotes da Igreja Católica, a música é utilizada pelo grupo como fonte de formação e espiritualidade para atingir a juventude, usando para isso shows com a participação de artistas cristãos conhecidos nacionalmente no âmbito da música católica.
ENCENAÇÕES
O ponto alto do trabalho do grupo concentra-se nos espetáculos cênicos, em especial a Via Crucis, realizada no Morro da Capelinha em Planaltina-DF. A experiência de 27 anos encenando a Paixão de Cristo, associada ao caráter religioso e comunitário do espetáculo, fez com que o Grupo Via Sacra ao Vivo se tornasse conhecido em toda região centro oeste e também nacionalmente. Contudo, as encenações da Semana Santa em Planaltina não se limitam à Via Crucis, o grupo e a comunidade passam a semana relembrando e celebrando os últimos dias da passagem de Jesus Cristo pela Terra.
DOMINGO DE RAMOS
No Domingo que antecede ao Domingo de Páscoa, o Grupo Via Sacra encena a entrada de Jesus em Jerusalém, sua última passagem pela cidade antes da paixão. A data é de grande importância para cristãos do mundo inteiro, pois, é o dia em Jesus é aclamado como rei pelo próprio povo que o deixaria de lado em favor de Barrabás, na Sexta feira da Paixão. A encenação começa às 16 horas com uma procissão que sai de uma igreja da cidade. Desde o princípio observa-se a beleza da encenação onde os atores, já caracterizados, são acompanhados, em procissão, pela comunidade. A procissão atravessa as ruas cidade, passando por outras igrejas, despertando a fé e a admiração de todos que encontra. Por volta das 20 horas, quando milhares de pessoas já se juntaram ao cortejo, todos seguem para o módulo esportivo de Planaltina. O Ginásio fica totalmente lotado, estima-se que mais de 10 mil pessoas assistam ao espetáculo. Precedida por uma missa, a encenação mostra a entrada de Jesus em Jerusalém; o povo o saúda jogando seus mantos para sua passagem, aqueles que não tinham mantos balançam ramos colhidos nas imediações, de onde vem a tradição do nome da festa, Domingo de Ramos. Além da entrada de Jesus, são encenados diversos milagres, como a cura do homem de mão atrofiada, do cego, do paralítico, entre outros, em um espetáculo rara beleza. Em adaptação cênica, um momento grande emoção e beleza é a ressurreição de Lázaro, haja vista a sua grande amizade entre Cristo e zeloso cuidado técnico com a cena. O espetáculo termina com a expulsão dos mercadores do templo, que profanavam a Casa do Senhor.
SANTA CEIA
A Santa Ceia foi a última refeição de Cristo com seus apóstolos antes de ser condenado à morte. Para os Católicos, marca um momento muito especial, a instituição da Eucaristia. O espetáculo, que também é precedido por uma missa, é de beleza espiritual e plástica impressionantes. Jesus convoca os seus apóstolos para a celebração da Páscoa, relembrando a saída do povo hebreu do Egito. Aqueles homens com a simplicidade e humildade de suas vidas não podiam esperar um banquete de despedida naquele dia. A mesa farta é apenas um pretexto para que Cristo institua o maior alimento, o alimento da alma, a eucaristia. A encenação tem um trabalho especial de cenário e iluminação. As passagens bíblicas são realizadas com impressionante realismo, levando o público de quase 15 mil pessoas que se apertam dentro e fora (assistindo em um telão) do Módulo Esportivo de Planaltina a momentos de profunda emoção. A Santa Ceia é cheia de beleza, passagens que tocam o ser humano: o banquete, os salmos cantados e o momento em que Jesus lava e beija os pés de seus discípulos. A traição de Judas Iscariotes, também é momento marcante no espetáculo, tirando aplausos da platéia. Após o momento máximo da instituição da Eucaristia, Jesus reúne seus discípulos e os leva para o horto das oliveiras, iniciando-se assim, a segunda parte da encenação da noite. No Horto das Oliveiras, Jesus se despede e busca dar forças a seus amigos, porém, é sucumbido pela angustia de saber qual era seu destino. Naquele jardim é tentado a deixar tudo, em momento extremamente dramático pede a Deus: "...Pai, afasta de mim este cálice". No entanto, sua confiança e obediência ao Pai são maiores: "... mas que prevaleça a tua vontade, e não a minha". O momento final da apresentação é a chegada dos soldados para realizarem a prisão de Jesus. Comandados por Judas Iscariotes, que indica quem é Jesus com um beijo em sua face, os algozes de Cristo retiram-no do meio dos apóstolos, efetivando sua prisão. Já dominado, Cristo atravessa o centro do Módulo Esportivo, encerrando a encenação daquela noite.
Via Crucis
Ponto alto das encenações, a Via Crucis é realizada no Morro da capelinha, onde foram reproduzidos os cenários que revivem a Jerusalém do século I, local de grande beleza natural e inspiração espiritual. O público começa a chegar às 6 horas da manhã, aproveitando para rezar e pagar promessas, costumes típicos da região e adequados à data. Aos poucos a multidão vai tomando conta das dependências do morro, se aglomerando na chamada "Praça do Calvário", de onde se pode ver praticamente toda a encenação. Estima-se que ao longo de todo o trabalho, passem pelo Morro da Capelinha algo em torno de 150 mil pessoas. O espetáculo começa antes mesmo da Via Sacra, com a encenação da Cidade de Jerusalém, encenada por certa de 1300 figurantes. Para esta parte foi realizada pesquisa em livros de época, bem como na própria bíblia, para se saber dos costumes, habitantes e comércio da cidade santa. Os atores procuram criar o clima adequado para que a multidão entenda o contexto histórico, político e religioso que existiam na época da Paixão de Cristo. Em seguida começa a Via Crucis, a partir da 1ª estação, onde Jesus é condenado à morte. O início da Via Sacra é marcado pelo julgamento de Jesus por Anás e Caifás, Herodes e Pilatos, bem como pela flagelação e coroação de espinhos, cena que marca pela dramaticidade e realismo. São encenadas então, as demais estações, passando entre outras, pelo encontro de Jesus com Maria, a ajuda do Cireneu e o carinho de Verônica e das Piedosas de Jerusalém. Na chegada ao Calvário, as 150 mil pessoas já estão envolvidas pela encenação que já se aproxima do final. Jesus é despido de suas vestes, pregado na cruz, onde encontra força para consolar João e Maria. A cena da morte de Cristo causa impacto pelo momento que significa e pelos efeitos especiais. Jesus é decido da cruz e colocado nos braços de Maria, relembrando o momento eternizado por diversos artistas, a pietá. Logo após, Jesus é levado ao sepulcro; a essa altura o público já se prepara para o maior momento: a ressurreição. Na 15ª e última estação, é encenada a vitória da vida sobre a morte, esperança maior de todos os cristãos. Após a aparição de um anjo, Jesus vem caminhando e é saudado por um balé composto por 60 anjos e acompanhado por vários efeitos especiais. O final conta com a ascensão de Jesus Cristo, o ator é elevado por um sistema de cabos de aço a uma altura de 4 metros, proporcionando ao público a impressão que Cristo está levitando. Fechando o espetáculo, um show pirotécnico de 15 minutos ao som do Aleluia, de Handel.